Friday, December 20, 2013

Um Drama chamado Rob Ford

             Machado de Asssis disse certa vez que "O melhor drama está no espectador e não no palco." e esta citacao tem em si certa verdade, no entanto a muito se deve aos atores o desenvolvimento deste mesmo drama, como tao bem exemplifica a estranha, e real, historia do politico Rob Ford. Antes de mais, Rob Ford e o presidente da camara de Toronto, ou antes era, e esta transformacao de ter a nao ter poder algum veio na eventualidade de admitir em publico ter fumado crack cocaina na televisao publica, e isto e bom que se de relevo, quando ainda estava em funcoes de presidente da camara.
            
             A historia nao acaba aqui, na verdade, apenas comeca, e depois de repetir a exaustao que e apenas humano e afirmar que nao se demite, varios concelheiros usaram a nivel legal forca para o expelir da sua posicao....mas nao termina ainda, segui-se agrecao a uma concelheira, chamou nomes a um conhecelheiro, apontou os dedos classificando os jornalistas de adjectivos que prefiro nao nomear e a lista continua, a parte dramatica e comica desta longa lista, ainda esta na camara de Toronto.
            Acontecimentos deste tipo em outro pais teriam resultados mais legalmente objectivos, mas no Canada enquanto os concelheiros quizerem saber explicacoes de Rob Ford, como esta a acontecer ate agora e de certo continuara, mais factos absurdos se juntarao a lista, sem um fim legal e satisfatorio a vista.
           
           Este tipo de drama pode parecer so dos nossos dias, mas bem longe disso, acredito que estes fazem parte da naturesa do poder, ou acima de tudo, da propria naturesa humana. Claro que nao votamos sabendo os segredos podres dos nossos politicos, isso descobre se depois, mas esssa mesma negritude moral sempre fez parte da naturesa da politica.
     Ja Aristoteles, por exemplo, nos conta a historia da corrupcao na Grecia de politicos como Themistocles e Agisilaos, Rei de Sparta que ao contrario de Rob Ford nao fumaram cocaina, mas abusaram dos dinheiros publicos sem concentimento legal do sistema. E talvez ai resida o mal do proprio sistema que nos temos como seguro do bom funcionamento de um sociedade, isto a que chamamos democracia.

       Por incrivel que pareca e ate a mim me surpriendeu, muita gente apioa Rob Ford, alguns ate querendo pagar as suas despesas legais, no entanto nao percebo como se deixa funcionar tao egocentrico, infantil individualidade neste sistema. Ele e sem duvida populista e nao vivendo em Toronto da para ver que e melhor politico do que pessoa, mas isso nao tira o drama e absurdidade das suas accoes! O Canada e visto como um pais em que tudo funciona, e na grande marioria essa visao e correcta, mas este Rob Ford vem tambem mostrar uma faceta desta sociedade, o enorme egocentrismo que se vive por aqui, mesmo que esse por mais direito que tenha, pois somos todos livre de ser quem somos e como desejamos ser, tem um lado perverso que tao claramente se ve na historia de Ford.

      E que democracia e esta que se vive nos dias de hoje? ou talvez sempre tenha sido assim, fazendo este problema parte do sistema, em que quando se chega ao topo um individuo parece se tornar imortal, amoral onde as leis humanas ja nao se aplicam. A historia de Rob Ford teria sido diferente tivece ele sido um cidadao normal, anonimo...esquecido, como somos a maioria de nos, no entanto parece que ser presidente da camara o tornou unico, diferente, mas e ele mesmo assim tao diferente do resto de nos? 
       Ter poder nao significa abusar dele como Ford tao bem demonstra, significa telo responsavelmente, e talvez e isso que falha a democracia, nao so do norte da america, mas a naturesa da democria na generalidade!! Responsabilidade, porque o ego so sabe de si e esse e meio caminho para a corrupcao!!Dizer que o sistema nao e perfeito nem quem nomeamos o e nao resolve nada, e nem explica nada! Mas aceitar que o sistema e nos com ele, temos de mudar, de o melhorar, de o tornar mais objectivo e pragmatico nas nossas vidas, talvez seja um caminho de melhor a democracia que por estes dias anda nas ruas da amargura!!!

Saturday, December 14, 2013

O Espirito da Flauta Lakota

        Musica diz muito de um povo, da sua alma, dos seus sentimentos, idiologias ate, musica nacionais, contam historias, partilham dores e alegrias, conquistas e inesqueciveis derrotas que marcam a Historia e Alma de uma Nacao. A musica e capaz de dizer muito a quem tem abertura e pacencia de a ouvir e sentir. Posso parecer emocional nas minhas descricoes, mas tirando os aspectos tecnicos, que tambem definem essas mesmas musicas, sao as emocoes que atravecam fronteiras nacionais, raciais e inter-geracionais, incluindo as proprias barreiras criadas e impostas pelos homens e suas leis e normas.
        Hoje ouvi hoje algo que quero partilhar, eu ja sabia da sua existencia, esta e a doce, suave, espiritual  flauta Lakota http://www.wind-dancer-flutes.com/History_of_the_native_american_f.htm, que segundo li e o terceiro instrumento mais antigo do mundo, feito no inicio dos tempos de oco e outros materais mais "selvagens". Mas a sua sonoridade toca a alma, musica de silencios e em que os proprios silencios e as melodias que o decoram elevam a simplicidade e imortalidade deste tipo de musica. E musica que deve ser ouvida nao so com os ouvidos, sugiro de olhos fechados ocasinalmente, mas com os espirito...e deixar o som da flauta falar com a sua musica.
      E musica ideal para o fim de um longo dia de trabalho, ou no comeco, mas tambem ideal para a Vida, nos bons e maus momentos. Nos momentos que os tudo esta confuso e precisa de ordem ou o caminho certo esta seguido, so faltando alguma conviccao, talvez esta musica ajude...
      Deixo aqui 2 exemplos, que espero agradem a quem me le...e deixo as historias, os contos e das dancas sagradas dos Lakota http://www.indians.org/articles/lakota-indians.html falarem por si nestas musicas que veem do distante passado e que a todos nos pertencem e que e tao preciso percervar e conhecer!! 

http://www.republicoflakotah.com/

http://www.dream-catchers.org/lakota-history.php

Thursday, December 12, 2013

O Consul de Burdeus

      A algumas semanas atras tive a oportunidade de ir a cinemateca http://thecinematheque.ca/ de Vancouver, lugar que tomo como referencia para o que de bom se faz e fez no cinema, e sem duvida, muito ha para descobrir, claro que instituicoes como estas divulgam, informam e expoem estes conteudos, mas os espectadores ja trazem consigo a vontade e a abertura que este cinema exige.
       
       Todos os anos realiza se o festival de cinema europeu http://europeanmovies.org/ onde se mostram em uma seccao  e com limitado numero de espectadores o que de "melhor", e ponho entre aspas porque este e sempre alvo de seleccoa pessoal ignorando nos a grande totalidade do que e feito, do cinema europeu. E estado nos sugeitos a essa escolha, nos nunca sabemos o que iremos ver, por assim dizer, mas verdade seja dita que o cinema portugues, tanto aos seus conteudos e temas, nunca e dado a muitas surpresas e ha sempre um previsivel padrao nas nossas narrativas, que extendem as ruas raizes ao nosso teatro tradicional.
       Uma das grandes qualidades dos filmes independentes, ou de qualquer independencia artistica, e a sua capacidade de tocar em temas e questoes que a producao  em massa de filmes e incapas de se focar, tanto por questoes de interese geral e claro, lucro, mas sao exactamente as limitacoes orcamentais que tornam os filmes independentes tao livres, como se nos limites existice alguma forma de liberdade, neste caso, de expressao.
 

       O filme que fui ver no entanto nao deixou de ter apios do estado, interncionais ( com presenca de actores espanhois, por exemplo) e da televisao publica, mas por mais que o filme pareca ter alvo o publico geral como se nota; e sem esquecer os tempos dificies a nivel economico e social que Portugal e a Europa atravessa e nunca olvidando o reduzido publico portugues, que fala e percebe a lingua, internacionalmente, este e sem duvida um filme independente a nivel orcamental, e isso ve se no grande ecra.
      "O Consul de Budeus" de João Correa e Francisco Manso, conta nos 2 historias, sendo a principal a de Arestides de Souza Mendes http://sousamendesfoundation.org/, consul que durante o tempo da feros e ultra concervadora ditadura de Salazar http://www.oliveirasalazar.org/ passa visas, que vao contra a directiva 14, fazendo mais de 30,000 judeus entre outros perseguidos por Hitler, refugiarem se em Portugal. Tudo isto contado atravez de um velho homem que adoptou a musica classica como carreira, pela introducao e desenvolvimento do filme sabemos facilmente vemos que nos querem ir ao coracao.
 
      A outra historia tem um objectivo mais emocional e de impulsionador da historia, mostrando a fuga de um casal de irmaos que fogem para a Franca depois de uma dramatica despedida dos pais no porto , e entretando a irma desaparece, e isto faz com que o personagem principal, uma versao mais jovem do velhote, venha a testemunha na primeira pessoa as accoes e palavras de Arestides de Souza Mendes actuado por Vitor Norte. Mas tudo acaba bem, pois embora Arestides tenha caido em desgraca, historiacamente falando, o personagem principal sempre e descoberto pela irmao atravez de uma curiosa neta que comecou esta narrativa toda com uma entrevista.
      Arestides de Souza Mendes e uma personalidade da nossa  historia que para alguns ainda gera alguma polemica, debate e ferve os bons modos de alguns, porque e bom lembrar que mesmo depois de 30 e mais anos de Democracia em Portugal, os fantasmas do Passado ainda estao bem vivos em Portugal. O tempo passa e nao para, e verdade, mas em materias de idiologia e valores, dos concervadores aos mais esquerdistas, nos portugueses sempre fomos muito de grande paixoes, entre as quais as das ideias e conviccoes, ate hoje!!
     O facto de o filme apelar as emocoes parece me dever nao so a vontade de captar e manter a atencao do publico, por mais sencacionalista que possa parecer, mas de tentar e digo, tentar, contar uma historia ponde de lado, se possivel, as ligacoes idiologicas que se estendem ate ao presente, porque certamente havera no publico, nao o nego, saudusistas e adeptos do nao tao amado- porque muitos sofreram por causa dele nomedeadamente o Povo- Salarasaristas. E mais perto o caminho para o coracao do que para o mente, pelos vistos, mas ideologias nunca hibernam certamente, para os mais velhos.
    
       Mas quando se fala em filme e emocoes podiamos ate levantar temas como propaganda, mas este filme nao o pretende ser, por mais emotivo que toque as cordas da emocao dos espectadores, e toda a arte e manipuilacao, bom nao esquecer. Mas parece me sim ser um filme que predente trazer dignidade a quem a foi negada em vida, judeus http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/vjw/France.html e Arestides, por um nobre e arriscado acto, e isso e nos repetido inumeras vezes.
       Ha ainda outra dimencao que acho que o filme podera ter, lembrando a crise que Portugal atravesa, com instabilidade social, desemprego, pobresa, a uniao pouco unida da Uniao Europeia, a macabra austeridade imposta pela troika, e  bom nao esquecer que tanto na Europa como em Portugal tudo que se diz e faz tem tom politico, por mais "inocente" que possa parecer.  Entre as convulsoes emocionais que o filme cria no espectador, talvez a mensagem subliminar neste seja que so indo contra o status quo e acreditando no que esta correcto, independetemente das futuras concequencias, Outro Mundo e Possivel!!

     Porque talvez aqueles que nos governam nao sabem afinal de contas o que e bom para nos, e se sobecem, seriam e sofreriam o que nos sofremos tal como nos, e visto esse nao e o caso tanto no passado como no presente, e talvez haja alguem como Aretides de Souza Mendes na politica portuguesa hoje, que certamente nao existera, e ai vem uma outra dimencao do filme de dar alguma, que pouca.... Esperanca!! Se isso se der entre alguns espectadores, ha de facto magia no cinema.....
 

Tuesday, December 10, 2013

Natal...sem o Messias

         Nao muitas decadas, umas duas, atras lembro me de ir todos os Desembros antes do dia de Natal com a minha mae buscar musgo ao campo, chovia e estava um frio horrivel naquela altura em Portugal. Com o musgo faziamos um presepio com os animais e magos, e claro a arvore de natal nao podia faltar, outra actividade familiar. Nesses tempos Natal era sem duvida tempo de familia, com almocos e jantares de familia, onde se sentia e ao recordar ainda sinto com grande saudade, como era partilhar este tempo do ano com quem damos valor e tao importante nas nossas vidas.
        Nessa altura o que mais fica desses momentos sao as emocoes, claro que o momento da abrir as prendas no tempo de crianca e sempre inesquecivel e quase perto so extase de tanta alegira. Lembro me ate que por alguns anos era passado a frente da lareira, raridade que hoje em dia mal se conhece, da minha avo onde se comia e conversava e chegava a meia noite e tudo se tornava mais feliz, o abrir dos presentes... que mais que uma actividade egoista, era feita colectivamente. 

        Natal significava familia, como uma extencao da familia da pessoa que se celebrava o nascimento nesse dia, o pai natal era apenas um mensageiro, por assim dizer, desse mesmo espirito, como que as prendas fossem uma forma de unir essa mesma familia atravez da entraga e dadiva, nao so de prendas, mas de atencao, comida e claro afecto entre membros da familia.
      
        Obviamente as coisas mudam, o mundo tranforma se, avos e tios falecem, tecnologias ganham importancia, dilheiro ganha centralidade e poder para uma cultura, a ocidental, defenindo toda uma sociedade e mentalidade a varios niveis. E de evento em evento este passado que acredito nao so eu mas muitos das minha geracao se devem lembrar, vai mudando, tranformando. Nao digo que ainda se perdeu, porque ele ainda esta nas nossas memorias e talvez so quando estas se perderem ai sim, este passado, algo turvo, algo eterio, se tenha realmente perdido.
         Mas algo se perdeu, sem duvida, o espirito de familia mudou no processo e nos com ele e se olharmos para o que se define como Natal hoje em dia achamos algo diferente. Hoje em dia Natal e o Pai Natal, ele esta em todo o lado onde ha coisas para vender ( ou dar a alguem, conforme a perspectiva) la esta ele todo sorridente, barbudo, aquela figura de pai bondoso, que gratifica todos que merecem...e claro, desde que haja, e que tenhamos dinheiro para gastar, todos merecem alguma coisa, e se estiver em saldos, tanto melhor.
         No processo do correr dos anos o presepio quase desapareceu, vivendo no Canada, no Natal nao ha presepios, so prendas e arvores de Natal, nesse icone totemico, onde os confortos de uma conta bancaria mais vasia, se vao refugiar. Claro que na Europa ainda ha restias de Natais passados, e do seu espirito, mas mais e mais ele se tem vindo a tornar, cada vez mais um Natal com o Pai Natal, e logo por extencao, o Consumo como motor impolsionador.
       
            Chamemos lhe o Natal Anglofonico, onde o fisico se supera ao emocional e onde o verdadeiro afecto so pode ser forma fisica para ser "real".  Logo levanta se a perguntas, porque mudamos nos? sera que nos fizeram mudar desta forma? a sociedade nos fez assim, mais materialistas, ou nos e que escolhemos esses caminhos? Parece me ter sido um camminho de mudanca a does onde ambos sao responsaveis, nos e a sociedade a que pertencemos.
        Nao me defino como um concervador, mas nao nego que ha valor nas experiencias do passado e nas suas memorias, neste caso no Natal, e nao nego que com o evoluir do capitalismo claro que nunca se poderia fazer negocio com as emocoes, preferindo se ligar o evento natalicio ao acto de dar prendas so e apenas!!. Com isto, coisas como a familia, as ligacoes emocionais entre pessoas, a importancia psicologica de saber aonde pertencemos, foi se perdendo...
      
       Nos Natais o nascimento do messias tornou se irrelevante, como e que alguem pode fazer lucro disso?... e assim uma festa com contornos religiosos ganhou caris secular e o gordo, velho, barbudo Pai Natal e a respectiva arvore, tornaram se a nossa faceta do mundo actual e por extencao, da mentalidade de consumo desenfriado da actualidade!!
        Para muitos nascidos nestes tempos, o acto de receber prendas tera para eles a mesma importancia que os natais passados tiveram para mim, onde hoje uma prenda que passado anos sera lixo nao deixa de ter o mesmo impacto emocional, que eu, e os daminha geracao, tiveram com a familia decadas atras!
            Quem nao conhece o diferente, mesmo que esta resida no passado, ficara feliz com o que tem e a este dara importancia, mas juro que me faz pensar a forma como o Natal se foi tranformando...o que se foi perdendo!! Porque quando se define um momento de familia, como e o Natal, atravez de objectos, coisas, sugeitas aos efeitos do Tempo, sejam eles dados por um Pai Natal ou nao.            Esquecemo nos tanto e Sempre, como sociedade, que para sobreviver neste mundo e nele achar Valor, mais que coisas precisamos de um Coracao...e a melhor prenda, que todos os Dezembros nos deviam lembrar e o consumo nos constantemente faz esquecer, e como usa-lo!!