A poucos dias recebi a carte que se segue, vinda directamente de Portugal, alguem curioso sobre a alma e o espirito portugues nos tempos que correm?? deixo vos esta carta e virao com claresa como vai sofrida a alma portuguesa, e que esta nao seja uma carta que crie reflexao, porque quem muito pensa pouco faz, muitas vezes, mas que crie e sem duvida criara, accao em quem a le. Por vezes ha cartas que doem e magoam, o que fazemos delas dependem de nos!!!
(""") Este ano que está a chegar ao fim. Foi um ano duro, de grandes sacrifícios, em nome da crise, justificou-se tudo, ou quase tudo. Em nome do povo fez-se tudo, ou quase nada. Em nome da democracia, atropelou-se os direitos de quase todos, na esperança colectiva, de que melhores dias virão. Em nome dos trabalhadores agrediram a Constituição da Republica, e em nome da Republica desferiram rudes golpes nas alavancas sólidas que determinavam o equilíbrio das finanças públicas. E em nome do passado, manipularam a verdade, e construíram um abismo pronto a receber os restos mortais da economia.
E em nome de todos receberam as congratulações dos semeadores de tempestades, que em tempos escravizaram o mundo, e que hoje dominam camuflada mente em nome dos direitos humanos, da paz, e da liberdade, os povos e a sua soberania. Este ano que está a chegar ao fim. Foi um ano de retrocesso, de insensatez, de miséria, de fome. E em nome disso, e como determina a sabedoria popular, “o desejo que o próximo ano seja melhor, e se não puder ser, pelo menos igual ao que passou”. Pois eu em nome do povo, só quero um ano melhor, e não quero, pelo menos um igual ao que passou, deixei de ser conformista, e quem achar que estou errado só lhe digo que há trinta anos, que espero um ano melhor. Que há trinta anos acredito na possibilidade do povo ter uma vida melhor.
Que há trinta anos, que não perco a esperança neste país e no seu povo, mas também sei que somos pacíficos, brandos, que acreditamos na honestidade dos outros, nas suas promessas, e sobretudo confiamos e damos sempre uma segunda oportunidade, mesmo que aos nossos olhos, isso seja visivelmente uma perca de tempo. Somos feitos de bondade e moldados em humildade, ou então somos uma cambada de Sadomasoquistas, que preferimos continuar a acreditar no regresso de D. Sebastião montado no seu cavalo, num dia de intenso nevoeiro. Este ano que está a chegar ao fim foi um ano de penalizações para as famílias portuguesas, cada vez mais se nota as desigualdades sociais, aumentou o numero de desempregados e foram extintos muitos postos de trabalho, em compensação houve uma subida, na acumulação de riqueza dos que já eram ricos, e chamam a isto democracia, e dizem que não se pode governar melhor, e dizem que temos que produzir mais, que temos que ser competitivos.
A fazer o quê? Só se for revoluções históricas pouco sangrentas. E dizem que vivemos em liberdade! Que bom! Já podemos passar fome livremente. Já podemos ser pobres e livres simultaneamente. Que bom é ser um desempregado livre, sem receber ordens de nenhum patrão, nem salário ao fim do mês. Que bom é ser jovem, à procura do primeiro emprego, viver até aos trinta anos na casa dos pais, sem estabilidade para iniciar a sua própria vida, nem vida própria para alimentar os sonhos que lhe incutiram na adolescência. Um mundo de facilidades, onde o consumismo lidera as aspirações de qualquer um, em detrimento das prioridades objectivas e concretas da sobrevivência.
É assim que vai acabar mais um ano. É assim que os Homens responsáveis tratam os outros homens. É assim que o futuro não deixará saudades do passado, nem o passado cumprirá a história no futuro. É assim que a verdade não atravessa os tempos. É assim que o povo luta desalmadamente para que não se acabe a sua espécie desde que foi comprovada a sua existência. A exploração dos mais fracos, economicamente mais débeis, com pouca qualidade de vida, sempre foi o estandarte assumido nas sociedades ao longo dos tempos, como a derradeira forma de manter o equilíbrio estável das vidas de ostentação, luxo e desperdício de uma minoria, que se diz benemérita quando chega a altura do compromisso com Deus. A morte por vezes trás clarividência, mas outros irão continuar o seu propósito, um circulo vicioso perfeito se não fosse a palavra unidade.
Mais um ano que vai acabar, e outro vai começar, e o meu voto de confiança vai para todos aqueles que conseguiram do lado de cá resistir, lutar, participar activamente na lógica da vida, não como conformistas resignados, mas sim, com uma vontade de mudança, um sentimento realista do seu poder como humanos, e um olhar atento as injustiças e ilegalidades que se vão cometendo em nome do povo e da democracia.
A História dirá de sua justiça quando os nossos corpos sucumbirem, no entanto ficará as nossas acções, as nossas palavras com a consciência plena de que não nascemos em vão, e que merecemos nascer
UM NATAL MUITO FELIZ E QUE O PRÓXIMO ANO SEJA MELHOR QUE ESTE. (o que duvido)
16 de Dezembro de 2010 Jorge Humberto Pereira Neves(""""")
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