Estando longe de Portugal, por vezes da-me uma forte nostalgia de uma regiao em particular, o Alentejo . Esta nostalgia, vem sempre junta com o amor por aquela terra e pela vontade e o desejo de querer que coisas fossem diferentes, porque nao serao?. o Alentejo de que tenho saudades vive em cada alentejano e em cada alentejano, tenho saudades de Sentir o Alentejo, o seu espirito e existencia. Nao, o Alentejo dos museus, dos castelos, das ruinas, mas tambem, visto esta regiao estar cheia de locais por onde Romanos, Celtas, Fenicios procuraram espalhar as sementes as suas maneiras de estar e de pensar, e alguns conseguiram isso de forma magnifica.
O Alentejo de que tenho saudades, e o alentejo das casas pequenas, das aldeias de casas brancas e ruas sos, das longas e aridas planicies a perder de vista, mais precisamente daqueles lugares onde a pessoa se sente em casa, mesmo nao conhecendo ninguem. O Alentejo "perdido" que me faz recordar e pensar. Ele nao e romantico, pois a aldeia, no interior Baixo Alentejano, de onde os meus pais vem e um esboco perfeito do que acabei de escrever.
Eu sou Alentejano de raiz, o alentejo corre-me nas veias por assim dizer, nasci no Alto Alentejo de familia do inteior do Baixo Alentejo (perto de Cuba). Embora, as minhas raizes estejam no inteior do Alentejo "esquecido", vivi grande parte da minha lusitana experiencia, no citadino, Litoral Alentejano.
O Litoral Alentejano... esse e outro Alentejo, onde ha no ar uma "vibracao" de cidade, em que se veste mais para encantar os outros que a si mesmos e onde ser rural tem algo de indefinivel incomodo. Onde as feiras, sao tanto de vaidades, como de pobres pessoas que vendem os seus artefactos, para mostrar que ha Esperanca e que a tradicao ainda nao morreu . Ha sempre Esperanca, so que esta poucas vezes, anda acompanhada de apoio colectivo ou politico, e quando aparece, vai tao depresa quanto veio, "e bonito, e bonito, mas os jovens querem outras coisas", e o que se diz.
Neste Alentejo, o outro Alentejo, o Baixo, parece ser outro mundo, dentro do mesmo mundo. No Litoral Alentejano sente-se o cheiro de Lisboa, nao so os das fabricas, as vezes, mas tambem o da maneira de ser e de estar. Eu nao quero transmitir a imagem que o Litoral e pior que o interior, porque se formos a ver, ambos lutam por crescer, por Ser...por mostrar que nao estao esquecidos. Ambos o Alentejos, de que tenho saudades, tem as suas dores e ambicoes.
Por comparacao, o que o Alentejo do Litoral quer e o que o Alentejo do Interior, por vezes, se arrepende de ter perdido, as raizes ( nas tradicoes que se esquecem). Ambos buscam algo melhor. Enquanto o Alentejo Litoral busca evoluir, sem perder aquilo que tem, mas o tempo nao perdao, sim o maior inimigo do Alentejo e o tempo.
Por causa do tempo, morrem e esquecem-se as tradicoes. Por querer avancar no tempo abandonam-se aldeias em busca de cidades mais "modernas", " ai e gostas de morar na Baixa da Banheira?", gosto sim, e moderno, um pouco poluido, mas moderno, fica perto de Lisboa". Muitos descobrem que andar a frente do tempo ou atras dele, perde-se sempre algo....
Nao posso deixar de relfectir no Alentejo e no que ele e para mim, e acho, para muitos que dele sairam. E talvez, eu tenha saido do Alentejo em busca de um "novo mundo", "moderno", mas tudo se reduz a escolhas.
E talvez seja no topico das escolhas, e no seu dilema, que ambos os Alentejos vivem, para onde vao? e como vao? no tempo que vivi em Portugal nunca o discurso da desertificacao mudou de tom, quem nao se lembra da notica das escolas do interior que so tinham tres ou quatro criancas? Ou das cidades "modernas" do Litoral Alentejano, a terem um nivel criminal, a lembrar os suburbios de uma grande cidade? ..Esta tudo nas escolhas que se fazem, das escolhas individuais de cada Alentejano ate chegar ao nivel maior de poder, tudo Escolhas.
Claro que os dois Alentejos, estao a tentar trabalhar com o que tem, turismo, criacao de pequenas empresas, que mais podem fazer? Os doutores, "filhos da terra", estao a tentar construir o que vai ficando esquecido. Mas o esforco nao e homogeneo, cada um da a sua moedinha aliatoriamente com a sua contribuicao, mas as pessoas nao se reunem para colaborar, e quando o fazem, os interesses pessoais, por vezes, superam os colectivos.... e la se vai por agua a baixo as boas intencoes iniciais. Tenta-se como se pode perservar o que existe, criando rotas dos museus, mostrando os cantos e gastronomia alentejanas, mas existe sempre o fascinio da Mudanca.
Quando a Mudanca vem, o que cria e sempre aquilo que nao se desejava...talvez a mudanca nao foi planeada, ou talvez nao se pensou nas consequencias, porque o fascinio de mudar superou-se a tudo o resto. Na grande parte das vezes, quem escolhe a mudanca, e um pequeno grupo de pessoas que ao querer representar o colectivo, nos seus desejos e ambicoes, destroem aquilo que o o colectivo desejava preservar...quanto casas antigas tornadas habitacoes? quantas pousadas que eram antigos castelos?
Eu volto a repetir, nao condeno o progresso, condeno sim a forma como e feito.
Porque se virmos bem, falta comuicacao entre os que escolhem e os que querem perservar...mas ambos querem evoluir e nao cair no esquecimento tao doloroso. Por isso, talvez a unica solucao, seria se todos se unissem e se ouvissem, para que todos alcancassem o que todos desejam.
Os Alentejos de que tenho saudades vive hoje com varios dilemas, mas esses dilemas estao nas maos de quem questiona e de quem deseja fazer alguma coisa. Esse Alentejo nao e ilusao, os Alentejanos sabem-no....chegou a altura do povo se unir, e unido Escolher...
2 comments:
Grande blog, muito bom mesmo!toma isto como uma crtica construtiva. Não percas o contacto com o escrever português, pois podes sem querer detrurpar a tua mensagem, que pelo que li, é muito positiva e procura mostrar o teu "interior".
Aquele abraço de saudade do primo!!
Um Alentejo em mudança
Esquecem-se muitas vezes é que podem manter as coisas boas e alterar apenas as más.
uma coisa que aprendi nestes ultimos tempos é a tradição e os costumes podem ser renovadas, de forma a que não se percam e encontrem um novo local nesta sociedade também ela em mudança.
Os jovens de hoje em dia, tal como os de há 50 anos atras, partem em busca de mais e melhores condições de vida, tentando esquecer as amarguras de uma infância, apesar de tudo feliz. Deixam para trás valores e gestos que mais tarde tentam reencontrar e recordar. Estes gestos e estes valores fazem parte da memória social de um povo que não morre enquanto houver alguem que se lembre dos serões à luz da candeia, dos contos e das lengalengas....
Não podemos, no entanto adiar por mais tempo a mudança para a modernidade, uma verdadeira (re)evolução dos costumes. Estamos na era da informatização e não podemos esperar que no nosso alentejo tudo continue parado e estagnado, à espera que melhores condições de vida caiam do céu.
Somos nós, enquanto alentejanos que temos que investir no nosso alentejo, criando condições para fixar os jovens a este paraiso natural, onde há melhor qualidade de vida do que em qualquer cidade. Infelizmente, falta o ganha pão e sem isso, nãos e consegue viver.
Há que evoluir, mudar, modernizar, mas manter bem presentes as nossas origens ,a nossa memória e a nossa identidade....
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